SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL (SAF)
A Síndrome Alcoólica Fetal teve seus primeiros
relatos em 1968 por Leimone et al., na França, e em 1973 Jones &Smith nos
EUA a ratificaram em trabalhos científicos. Desde o Império Romano já havia
relatos sobre a incidência aumentada de abortos, natimortos e malformações
congênitas em recém- nascidos cujas mães faziam uso de bebida alcoólica na
gravidez.
A SAF é caracterizada por microcefalia, dismorfias
craniofaciais e retardo mental. Existem outros sintomas associados tais como:
malformação cardíaca, baixo peso. Contudo a critérios mínimos para o
diagnóstico da SAF que são: retardo do crescimento pré e pós- natal;
envolvimento do sistema nervoso, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor
(DNPM) e alteração de QI e do comportamento; dismorfismo facial, onde pelo
menos dois sinais dos citados a seguir devem estar presentes: microcefalia,
microftalmia e/ou fissura palpebral pequena, filtro nasal hipoplásico com lábio
superior fino e hipoplasia de maxilar.
Os critérios acima relacionados foram estabelecidos
pela “Research Society on Alcoholism” após sinais revisados e sintomas
apresentados em 245 pacientes com SAF.
O diagnóstico da SAF em recém-nascidos é mais
facilmente realizado após o período neonatal, quando também se associam o
retardo mental e o déficit de crescimento. Todavia os recém-nascidos devem ser
examinados cuidadosamente à procura de sinais dessa síndrome, pois essas
crianças podem apresentar dificuldade de sucção opistótono, hiperexcitabilidade
e irritabilidade durante semanas ou meses.
Em adolescentes e jovens adultos as características
faciais podem modificar se com o crescimento dificultando o reconhecimento da
SAF. Contudo na maioria dos casos ainda podem ser observados a fissura
palpebral pequena, o filtro nasal hipoplásico e o lábio superior fino. No
entanto, a microcefalia não se altera, o prognatismo é frequente e o déficit
ponderoestatural persiste no sexo masculino, mas não no feminino. A puberdade
não sofre anormalidades, porém o retardo mental ainda é a maior sequela.
Já é sabido que a SAF é a maior causa de retardo
mental no ocidente, a microcefalia tem sido um achado importante, ela
geralmente já é observada no período neonatal, porém pode tornar se evidente
apenas com o crescimento.
O álcool tem sido responsabilizado por defeitos do
tubo neural como anencefalia, meningocele, além disso, o sistema nervoso pode
ser afetado pelo álcool em qualquer período da gestação. Microcefalia,
disgenesia cerebral e cerebelar, agenesia de corpo caloso e heterotopias
neurogliais, são as alterações neuropatológicas mais frequentes.
Nos indivíduos afetados com a SAF, principalmente
quando crianças cerca de 90% têm, alterações oculares como epicanto, ptose,
estrabismo, miopia, microftalmia, hipoplasia do nervo óptico e a tortuosidade
dos vasos da retina.
As pessoas acometidas com a SAF podem ter também
anomalias cardíacas, as mais frequentes são: defeito do septo atrial, septo
ventricular, sopro cardíaco, estenose da pulmonar, tetralogia de Fallot,
estenose aórtica, coartação de aorta e transposição de grandes vasos.
O diagnostico é realizado se algum (s) dos
problemas acima citados estiver presentes, todos esses problemas devem ser
tratados e/ou seguidos, concomitantemente, por serviços especializados que
ofereçam suporte e recursos preventivos para o paciente e sua família,
incluindo programas físicos, psicológicos, ocupacionais e de linguagem.
HABILIDADES LINGUÍSTICAS
São
frequentes dificuldades na fala, de aprendizagem na escola, alterações nas
habilidades de comunicação linguística. Ausência de emissão oral e prejuízo
significativo no reconhecimento e execução de ordens simples. Comprometimento
significativo das habilidades sintática, semântica, fonológica e pragmática da
linguagem, o que caracteriza um quadro de Distúrbio da Linguagem. Dificuldades
para compreender e estruturar a narrativa oral, evidenciando assim, falhas na
correlação lexical e no uso de elementos gramaticais, nesses casos o sujeito
geralmente apresenta narrativa curta e simplista do ponto de vista estrutural.
Os indivíduos que sofrem com a SAF, demonstram habilidades para manter o tema
abordado, porém, com prejuízos significativos no que se refere à troca de turno
e a escolha e introdução de novos temas.
Dificuldades nas habilidades de raciocínio lógico e matemático e no
aprendizado das regras de decodificação grafema-fonema.
HABILIDADES MOTORAS
O
recém-nascido de uma alcoolista grave mama pouco, é hiper excitado, e hiper
sensível, tem tremores, é irritável, hipotonia muscular, além de alteração do
padrão do sono, pode ter apneia, déficit de atenção, transpira muito,
hiperatividade e dificuldades na fala devido à alteração da anatomia do maxilar, à disfunção motora do
musculo orofaríngeo e ao déficit auditivo.
HABILIDADES COMPORTAMENTAIS E EMOCIONAIS
O perfil comportamental das crianças com SAF inclui problemas
com a fala e a comunicação (p.ex., falam demais e/ou muito rapidamente,
interrompendo o discurso de outros); dificuldades tais como: desorganização e
perda de pertences; labilidade emocional, como mudanças de humor ou reações
extremadas; disfunções motoras; desempenho escolar pobre; dificuldade em
iniciar/completar tarefas; pouca atenção; interações sociais deficientes;
respostas fisiológicas incomuns, como hiperacusia; hiperatividade e distúrbios
do sono dificuldades sociais, desajustes emocionais e familiares, abuso de álcool
e de outras drogas, problemas de saúde mental, comportamento sexual
inapropriado, vitimização, desemprego, problemas legais e morte prematura.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS
Bebês
nascidos com a síndrome costumam apresentar malformações na face, tais como:
lábio superior bem fino, nariz e maxilar de tamanho reduzido, cabeça menor que
a media, anormalidades cerebrais, apresentando falta de coordenação motora e
distúrbios de comportamento, até retardo mental, malformações em órgãos como
rins, pulmões e coração. Crianças com SAF podem apresentar
sintomas como dificuldades de sucção, opistótono, hiperexcitabilidade e
irritabilidade durante semana ou meses.
ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS
NA SAF
A SAF é a maior causa de retardo mental no ocidente.
Entre 10 a 20% dos indivíduos com SAF sofrem convulsões, porém são raras no
período neonatal. O SNC é o mais afetado pela síndrome, contudo o QI pode ser
bastante variável, mas geralmente esta entre 60 e 80%.
A microcefalia tem sido um achado muito importante
na SAF, geralmente observada já no período neonatal, entretanto, pode tornar-se
evidente apenas durante o crescimento.
O
álcool vem sendo responsabilizado pelos defeitos do tubo neural, tais como:
anencefalia, e meningocele. Clarren at al., em 1986, ao estudar as alterações
do SNC concluíram que, o desenvolvimento desse pode ser afetado em qualquer
período da gestação. Microcefalia, disgenesia cerebral e cerebelar, agenesia de
corpo caloso e heterotopias neurogliais são, as alterações neuropatológicas
mais frequêntes.
Os
primeiros 85 dias de gestação constituem o período de maior neuromigração e a
exposição ao álcool nessa fase pode levar a alterações do córtex cerebral,
corpo caloso e da comissura anterior. As heterotopias neurogliais e as
disgenesias corticais resultam das exposições durante o segundo trimestre e as
alterações de substância branca ocorrem no terceiro trimestre.
POSSIBILIDADES DIAGNÓSTICAS
PARA CONHECIMENTO E INTERVENÇÃO
A intervenção psicopedagógica no processo de aprendizagem tem
seu enfoque no sujeito que aprende em seus vários contextos: da família, da
educação (formal e informal), da empresa, da saúde. Pautada nesta informação, a
necessidade da realização de um diagnóstico de intervenção psicopedagógica
mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios de Psicopedagogia, que
tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a avaliação e a intervenção relacionadas
com a aprendizagem, contando com um repertório de informações e habilidades
composto pela pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos.
Dentro desta perspectiva faz-se saber que os objetivos da
aprendizagem são classificados em: domínio cognitivo (ligados a conhecimentos,
informações ou capacidades intelectuais); domínio afetivo, (relacionados a
sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio psicomotor (que ressaltam o
uso e a coordenação dos músculos). No domínio cognitivo temos as habilidades de
memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e a avaliação. No domínio
afetivo temos habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização
e caracterização.
Considerando a utilização de instrumentos, tem se, a história clínica,
que deve ser minuciosa, de modo que possa se obter uma impressão do tipo de
pessoa que é o paciente e sua família, mas não deve-se incluir informações que
violem, desnecessariamente, a privacidade das pessoas envolvidas ou que possam
lhes causar constrangimento.
É importante, incluir informações sobre o background cultural,
educacional, profissional e sobre os hábitos e personalidade do paciente e de
seus familiares. Mas, isso deve ser feito em linhas gerais, restringindo-se às
informações que são relevantes para o diagnóstico e resguardando a privacidade
e autonomia do cliente.
O trabalho é todo de natureza clínica, quase artesanal, uma
investigação neurocognitiva é uma forma de exame do estado mental, o qual deve
abordar toda uma série de funções. A exemplo, tem-se os testes de QI (quociente
intelectual) que proporcionam resultados que aproximadamente se distribuem em
torno de uma curva normal caracterizando a distribuição dos níveis de
inteligência em uma população.
Uma abordagem importante é baseada em testes psicométricos, ou
seja, pode-se utilizar o fator genérico medido por teste de inteligência, sendo
conhecido como g (ver Teoria g), criado por Charles Spearman, é determinado
pela comparação múltipla dos itens que constituem um teste ou pela comparação
dos escores em diferentes testes; portanto, trata-se de uma grandeza definida
relativamente a outros testes ou em relação aos itens que constituem um mesmo
teste. Isso significa que, se um teste for comparado a determinado conjunto de
outros testes, pode-se mostrar mais (ou menos) saturado em g do que se fosse
comparado a um conjunto diferente de outros testes.
Baseando-se também em critérios de diagnóstico do DSM-IV (APA,
1995), que são muito abrangentes e pouco descritivos, encontra-se na literatura
especializada, critérios mais específicos que caracterizam melhor os
transtornos da leitura, da matemática e da escrita que podem auxiliar no diagnóstico
de transtornos sendo estes, segundo Sacristan (1995): dificuldade para
diferenciar as letras; dificuldade para unir letras e sílabas; inversão de
letras e sílabas; substituição de letras e sílabas; supressão ou adição de
letras; leitura oral lenta, sem pontuação; falta de compreensão do que é lido.
Garcia (1998), também descreve dificuldades dos transtornos
sendo gramaticais, fonológicos e viso espaciais, este mesmo autor define dificuldades
de cálculo a partir do não cumprimento dos requisitos esperados para idade e
condição maturacional, que tem como base requisitos da teoria da evolução de
Piaget, referenciados da seguinte forma: capacidade para compreender igual e
diferente, ordenar objetos pelo tamanho, cor e forma, classificar objetos por
suas características; compreender conceitos de longo, curto, pequeno e grande;
fazer a correspondência de 1 a 1; usar objetos para soma simples; contar até
10; nomear formas e figuras complexas.
Desta forma crianças entre 6 e 12 anos devem: agrupar objetos de
10 em 10; dizer as horas, reconhecer dinheiro, medir objetos, medir volume,
somar e subtrair, resolver problemas simples mentalmente, contar a cada 2,5 e
10, julgar lapsos de tempo, estimar soluções.
Para um diagnóstico mais completo, da aprendizagem, principalmente
quando necessário diferenciá-los de outros que acometem a infância, geralmente,
é feito quando a criança está na escola, pois estes não se tornam muitos evidentes
até o momento em que não existe demanda do trabalho escolar. Crianças na fase
pré-escolar podem apresentar extensa variação em suas habilidades e potencial
cognitivo e não devem ser consideradas afetadas por transtornos específicos da
aprendizagem, uma vez que os testes padronizados para esta fase do
desenvolvimento não são bons previsores de habilidades futuras (Selikowitz,
1998; Batshaw el al, 1997).
A avaliação deve ser
multidisciplinar, considerando todos os aspectos intrínsecos e extrínsecos ao
sujeito. Deve contar com profissionais médicos generalistas (pediatra),
especialistas (neurologistas, psiquiatras da infância), psicólogos, pedagogos,
educadores, fonoaudiólogos, especialistas em linguagem dentre outros. Todos os
profissionais dentro de suas habilidades técnicas, deve avaliar o sujeito em
seu momento do desenvolvimento neuropsicomotor, emocional e social, devem
buscar causas, patologias e/ou comorbidades. O sucesso da
intervenção/reabilitação está intimamente ligado ao diagnóstico correto e
completo do sujeito com dificuldade para aprender.
A idade do aparecimento dos sintomas dos transtornos específicos
da aprendizagem está ligada ao potencial cognitivo, inteligência do indivíduo,
quadros associados, como transtornos hipercinéticos, baixa autoestima,
distúrbios de conduta, que podem mascarar a dificuldade específica.
ATIVIDADES POSSÍVEIS
PARA INTERVENÇÃO NA SAF
Caixa
de Sensações:
o professor pode encapar uma caixa de tênis fazendo um furo em forma de
círculo, com dez centímetros de diâmetro. O professor deverá organizar
materiais como retalhos, flocos de algodão, pedaços de lixa, tampinhas,
caixinhas e outros objetos e ir colocando-os por uma das extremidades, a fim de
que a criança, com a mão do outro lado, identifique o material.
Caminho
Colorido: com
folhas de papel pardo, faça um caminho para que as crianças carimbem os pés,
com tintas coloridas. É uma atividade que envolve muito as crianças, e as
deixam muito felizes.
Toca
do Coelho: Dispor
bambolês no pátio da escola de forma que fiquem duas crianças em cada um e que
sobre uma fora do bambolê. Ao sinal do professor, as crianças deverão trocar de
toca, entrando duas em cada um. Sempre sobrará uma criança fora da toca.
De
onde vem o cheiro? :
A professora irá passar perfume em um paninho e o esconderá na sala, num lugar
fácil, onde os alunos deverão descobrir de onde vem o cheiro.
Dentro
e Fora: Fazer uma
forma geométrica bem grande no chão e pedir que as crianças entrem na
delimitação desse espaço. Se quiser o professor poderá fazer outra forma dentro
da que já fez onde irá pedir que os alunos adentrem também, explorando ainda
que se a forma é pequena eles irão ficar apertados.
Arremesso: O professor fará uma linha no chão,
usando fita crepe e as crianças deverão arremessar garrafinhas plásticas cheias
de areia, para frente. O professor irá medir as distâncias e verificar quem
conseguiu arremessar mais longe. Depois, em sala de aula, poderá fazer um
gráfico explicativo.
Pneus: Esses podem ser usados para várias
brincadeiras, como pular dentro e fora, se equilibrar andando sobre a parte de
sua lateral ou ainda quem consegue rolar o pneu de um determinado lugar até
outro sem deixá-lo cair.
Que
som é esse? :
Com faixas de tnt preto, vendar os olhos dos alunos e fazer diferentes barulhos
usando instrumentos musicais, latas, brinquedos, etc., a fim de que as crianças
identifiquem os mesmos.
Caixa
Surpresa: Com uma
caixa de papelão encapada, o professor irá mandar para a casa de um aluno a fim
de que os pais enviem algum material que possa ser descoberto pelas crianças. O
professor vai fazendo descrições do material, até que as crianças descubram o
que é.
Pega-Pega
Diferente: Dividir a
turma em dois grupos e identificá-los com lenços ou fitas de cores diferentes.
Após o sinal do professor os grupos deverão pegar uns aos outros e a criança
pega deverá ficar num espaço delimitado pelo professor. Vence o grupo que tiver
mais pessoas que não foram pegas.
BIBLIOGRAFIA
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SILVA,
A. V. etal. Trabalho de pesquisa teórica
apresentado como requisito parcial para aprovação acadêmica junto à disciplina
BASES NEUROLÓGICAS DA APRENDIZAGEM do Curso de Especialização em Psicopedagogia
Clínica e Instittucional da Universidade Estadual Vale do Acaraú
–Orientador: Prof. Mário dos Santos. FORTALEZA – CE, 2008.
Créditos à Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola
Créditos à Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola
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