sábado, 15 de junho de 2013

Distúrbio de linguagem


Portfólio é um tipo de documento utilizado para acompanhar o progresso de cada indivíduo em todo processo de aprendizagem através de um conjunto de procedimentos contínuos, produzindo assim reflexões, possibilitando uma avaliação para que se possa agir e intervir com objetivos previamente formulados.
Este documento registra ideias, experiências e opiniões acerca do processo de formação, de forma sistemática, com ideais, motivações, opiniões, propósitos e com todas as considerações de ordem crítica que possam ser consideradas pertinentes.
Desta forma demonstra intenções claras, mostra curiosidade e persistência, favorece a experimentação, exploração e avaliação, porém não satisfaz por completo e pode apresentar algumas dificuldades para concretizar as ideias. O mesmo seleciona, analisa e interpreta criticamente, revelando capacidades de análise crítica dos produtos elaborados, possibilitando avaliação e adequação à prática educativa criteriosamente, através dos materiais produzidos com coerência entre a parte e o todo, entre o discurso de reflexão crítica anterior e posterior da avaliação global do trabalho em si.
O portfólio não é utilizado apenas no acompanhamento do dia a dia de sala de aula, mas também na documentação das reuniões pedagógicas realizadas pela escola, representando uma alternativa eficaz no acompanhamento dos alunos, o que favorece o processo de avaliação feito pelo professor, bem como o envolvimento da família através de estratégias, onde podem ser informados dados relevantes sobre o aluno e as atividades realizadas na ou pela escola, envolvendo a comunidade escolar.
Sendo assim os pais terão a oportunidade de acompanhar a cronologia da realização dos trabalhos, por meio de pastas organizadas onde constará a seleção de trabalhos em sequência, demonstrando a caminhada do aluno em todo seu processo de aprendizagem. Desta forma, considera-se o portfólio como sendo um instrumento de suma importância e eficaz na organização do professor, pois, de maneira geral, constitui-se em um histórico, um documento onde constam dados fundamentais à prática docente.
No portfólio podem ser agrupados dados de visitas técnicas, resumos de textos, composições, trabalhos artísticos, projetos, relatórios, anotações diversas, provas, testes, autoavaliações dos alunos, entre outros. A finalidade deste instrumento é auxiliar o educando no desenvolvimento da capacidade de se avaliar, refletindo sobre o mesmo e o melhorando. Ao professor, oferece a oportunidade de traçar referenciais da classe como um todo, a partir de análises individuais, com foco na evolução de cada educando ao longo do processo de ensino/aprendizagem. A ideia é utilizá-lo com o propósito de encorajar a reflexão e o estabelecimento de objetivos a cada aprendiz e comprometendo os pais com avaliação por meio de comunicação variada e frequente. O portfólio permite que cada um prossiga em seu próprio ritmo; mostrando como o professor pode se tornar melhor capacitado e mais eficiente e concentrar-se em descobrir como as crianças são diferentes ao invés de provar que são iguais. O processo de montagem de um portfólio encoraja a instrução individualizada para as crianças em seu contexto amplo de objetivos e de aprendizagem, o desenvolvimento profissional contínuo para professores e afins e, o envolvimento completo da família no programa de educação infantil.
Alguns passos possibilitam o trabalho tais como: coletar amostras de trabalhos, tirar fotografias, conduzir consultas nos diários de aprendizagem, conduzir entrevistas, realizar registros sistemáticos, realizar registros de casos (ocorrências), preparar relatórios narrativos, conduzir reuniões de análises de portfólios e usar portfólios em situações de transição.

Participação familiar:

Os familiares podem ajudar com recursos, fornecendo materiais, informações e apoio voluntário para investigação de tópicos selecionados pelo professor, participam no planejamento de estudos sobre história local, ecologia local, artistas locais, governo local ou outros tópicos, tornando-se “intermediários entre o currículo e os estudantes”.             
Para a realização deste trabalho resolveu-se explanar sobre o transtorno de linguagem.

“a partir dos anos 60, em diferentes países, ocorreu um importante movimento de opinião em favor da integração educacional dos alunos com algum tipo de deficiência (...), o mais geral e básico é o que se fundamenta em critérios de justiça e igualdade, (...) e que favoreçam o contato e a socialização com colegas da mesma faixa etária, e que lhes permitam no futuro integrar-se e participar de uma maneira melhor na sociedade, (...). A integração exige uma maior competência profissional dos professores, projetos educacionais mais completos. A integração é um processo dinâmico e mutante, cujo objetivo central é encontrar a melhor situação para que um aluno se desenvolva o melhor possível”. (MARCHESI, MARTÍN, 1995).


Segundo, estes mesmos autores, os níveis de integração, conforme o informe Warnock distinguiu tem, três formas principais de integração: física, social e funcional. A integração física ocorre quando as classes ou unidades de educação especial são construídas no mesmo lugar que a escola regular, mas continuam mantendo uma organização independente, embora possam compartilhar alguns locais como o pátio e o refeitório. A social pressupõe a existência de unidades ou classes especiais na escola regular, onde os alunos nela escolarizados realizam algumas atividades comuns com seus colegas, como jogos e atividades extraescolares. Finalmente, a integração funcional é considerada como a forma mais completa de integração, em que os alunos com necessidades especiais participam, em meio período ou em tempo integral, das aulas normais, sendo incorporados na dinâmica da escola.
Uma análise mais completa é realizada por Soder, (apud, Marchesi e Martín, 1995) a partir da experiência sueca, embora seu esquema seja muito semelhante ao supracitado. Soder distingue quatro formas de integração: física, funcional, social e comunitária. Cada uma delas pressupõe uma maior aproximação entre o grupo de alunos com necessidades especiais e o grupo de alunos sem as mesmas. Enquanto a integração física e social coincide com a física funcional na utilização conjunta de recursos educacionais à integração comunitária é a que tem lugar na sociedade, assim que se deixa a escola. A integração educacional deve ser avaliada não somente em si mesma, mas levando-se em conta, se possibilita o desenvolvimento pessoal e social da criança com necessidades especiais, mas também se favorece a integração na sociedade durante a adolescência e a idade adulta. Neste último ponto, é necessário levar em conta que o processo de integração depende em uma pequena parte das possibilidades do indivíduo e em grande parte da adaptação das instituições a essas possibilidades.

“Quando usa se a palavra integração quer se dar a ideia de que a inserção é parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa, (...)”. A inclusão exige uma transformação social (...), pois defende a inserção no ensino regular de alunos com quaisquer déficits e necessidades. A inclusão exige rupturas no sistema educacional da inclusão, cabe à escola se adaptar as necessidades dos alunos e não aos alunos se adaptarem ao modelo da escola. (WERNECK, 1997).

Desta forma o portfólio foi pensado, para um trabalho amplo de integração/inclusão.

O trabalho visa criar possibilidades de entendimento de uma criança com necessidades especiais em linguagem.
Para que se possa explicitar esse assunto, necessita-se abordar a relação entre pensamento e linguagem, linguagem como comportamento, como função da inteligência, como atividade simbólica constitutiva, o papel da linguagem no desenvolvimento do pensamento lógico.
Contudo cabe salientar que existem vários tipos de transtornos de linguagem tais como: transtorno da linguagem expressiva, transtorno mistos da linguagem, transtorno fonológico, com a explanação desses transtornos tem-se o objetivo de conseguir ajudar docentes, discentes, pais e familiares no processo de ensino/aprendizagem desde a identificação do problema até o melhor método de tratamento e acompanhamento para o indivíduo.
Ressaltando a importância do conhecimento do problema para que, se consiga trabalhar e comunicar da melhor forma possível e adquirindo melhorias a cada dia.
            Sendo assim considera-se que a diversidade dentro das instituições entre os alunos, requer medidas de flexibilização e dinamização do currículo dos profissionais para atender da melhor forma os alunos que apresentem qualquer tipo de necessidades educacionais especiais (NEE), com qualquer tipo de deficiência ou qualquer outra condição que venha a diferenciar o individuo em relação aos demais colegas.
            Estes sendo considerados “diferentes” exigem a atenção de toda comunidade escolar, para ter o direito ao acesso da aprendizagem, ao conhecimento, independentemente das necessidades apresentadas.
            Para haver realmente a inclusão, toda a sociedade deve ser modificar-se, para dessa maneira firmar a convivência com a diversidade humana, aceitando e valorizando cada ser com suas condições pessoais.  
            Dentro desse panorama a educação é um meio privilegiado que, favorece o processo de inclusão social do cidadão, sendo realmente mediadora dentro do ambiente escolar principalmente para todos sem exceção, mostrando dessa maneira a importância de currículos que comtemplem as diferenças individuais, desse modo reforçando mais uma vez a diversidade dos educandos.








Atividades para trabalhar com os transtornos de linguagem























JOGO DO SEGREDO
Este jogo consiste em dizer uma palavra ou uma pequena frase e uma criança e, ela vai dizer o que ouviu no ouvido da outra e assim sucessivamente até que, percorra todas as crianças da roda e a última deve dizer a palavra ou frase em voz alta para poder verificar se coincidi com a dita inicialmente.
Esta atividade justifica-se ao passo que fará com que todos os envolvidos participem da mesma, tendo por objetivo que cada indivíduo melhore sua dicção a cada dia.
Descrição: http://curiofisica.com.br/wp-content/uploads/2009/07/chinese.jpg












RECORTAR LETRAS
Justifica-se a partir do momento em que faz com que as crianças reconheçam as letras e consequentemente palavras, frases, pequenos textos enfim com o objetivo de que essas se comuniquem através da escrita se não conseguirem se expressar verbalmente, para dessa forma melhorar sua comunicação em qualquer ambiente.
A atividade consiste em recortar uma revista ou jornal para que cada indivíduo escreva seu próprio nome através de modelo previamente escrito ou não, podendo-se pedir que recorte todas as letras da uma mesma cor, tamanho ou que escrevam o nome de outra pessoa ou nome de objeto.




CONFRATERNIZAÇÃO DOS BICHOS
Forma-se uma grande roda enumerando de 01 a 04, todos os participantes, (a quantidade dos números varia de acordo com o tamanho do grupo).
Pede-se que cada o representante de cada grupo escolha uma espécie de bichinho, para caracterizar o seu respectivo grupo.
Exemplo: o representante do 1º grupo escolhe o “carneiro”, o representante do 2º grupo escolhe o “gato”, o 3º o “boi” e o 4º o “pato”.
O objetivo é reunir o grupo, ou seja, gatos com gatos, boi com boi, pato com pato e carneiro com carneiro.
Estes deveram se comunicar através dos seus sons: carneiro faz MMÉÉHÉE, gatos Miau, miau, pato faz quuéé, quuéé, e o boi faz Muuuu. O detalhe da brincadeira é que todos ficaram com uma cegueira temporária, ou seja, estarão vendados e quando cada participante se encontrar com o outro do grupo, estes deveram se abraçar e continuar até reunir todo o grupo.
O objetivo deste trabalho é dar ao educando o instrumento linguístico que o torne capaz de comunicar-se por meio de uma língua e das atividades de imitação, com sons representativos de animais possibilitando o conhecimento de onomatopeias, au-au, miau, etc.
 

TEATRINHO COM FANTOCHES
A adaptação de clássicos da literatura infantil para os alunos, com orações curtas, períodos simples, apresentação através de sinais, dramatização com o uso gestual e verbal, reprodução das histórias por meio da escrita com suas próprias palavras ou desenhos.
Justifica-se na medida em que faz com que, cada sujeito faça sua oralização espontaneamente através da brincadeira, sem força-lo, pois se o forçar a dizer algo o mesmo poderá ficar constrangido.













HORA DA NOVIDADE
Pede-se para um aluno contar uma história e solicita-se aos mesmos que reproduzam a história contada por meio de gestos, desenhos, palavras e escrita.
Nestas atividades, o jogo simbólico, o desenho, a mímica, a dramatização, a escrita e a fala, são estratégias sugeridas para o desenvolvimento da linguagem, a dramatização pode fazer reviver experiências, uma vez que favorece tanto à compreensão dos alunos para sinais ou palavras, definindo a experiência (linguagem receptiva), quanto o desenvolvimento da capacidade de gesticular e/ou verbalizar (linguagem expressiva), propiciando condições para o desenvolvimento seja do pensamento lógico ou da interação social.

ALBUM DE REDAÇÕES
Em uma folha padrão, todo texto confeccionado, será catalogado para se formar um álbum de criações de cada aluno, seguindo uma sequência daquilo que foi produzido, sendo que na medida do possível, cada produção será ilustrada.
Essa atividade tem por objetivo fazer com que o individuo se comunique através da escrita, contando fatos reais ou utilizando a imaginação para a mesma finalidade, considerando-se que o mesmo tenha um transtorno de linguagem severo.










CONCEITOS ESPACIAIS
Levar os alunos para fora da sala de aula, pedir para que um fique num local baixo e outro em um local alto, após, voltarem para sala de aula. Pedir que confeccionem figuras ou formem frases com as situações acima, abaixo, frente, atrás e entre, que representem conceitos espaciais.
Justificando desta forma como, a criança poderá se localizar no espaço e se comunicar através de gestos sem que ocorram acidentes durante a comunicação em qualquer ambiente.



HORA DO CONTO
Forma-se um círculo para cada criança “relatar” para os colegas uma experiência vivenciada. Por exemplo: o que aconteceu durante o final de semana ou no trajeto de casa à escola. O relato deve ser no primeiro momento sinalizado, e no segundo momento, oral ou escrito.
Desta forma todos participarão do processo de comunicação dentro do ambiente escolar e fora dele também, pois, a brincadeira pode acontecer em casa com os pais, irmãos, tios, avós enfim todos que estejam envolvidos com a criança.


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 CONSIDERAÇÕES FINAIS
            O presente trabalho teve por objetivo, além de explanar alguns dos problemas causados pelas dificuldades de linguagem, fazer com que os interessados nesse assunto tais como, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos entre outros fiquem mais curiosos para explorar esse tipo de problema sabendo-se que o mesmo causa vários tipos de constrangimento ao longo da vida do sujeito.
            Do mesmo modo em que deve trabalhar da melhor maneira possível para que o indivíduo consiga seguir firme e forte em sua batalha.
            Conclui-se, no entanto que, qualquer atividade na área da linguagem para se trabalhar com o sujeito que seja acometido de tal dificuldade o ajudará a, comunicar-se com maior facilidade, sejam atividades na área da escrita, da oralidade, ou por meio de gestos, o indivíduo sempre conseguirá se comunicar de alguma forma.
            Contudo deve-se ressaltar que as dificuldades do transtorno de linguagem afeta pessoas de todas as idades, porém, quanto antes se iniciar o tratamento melhor será o progresso do sujeito.
            Deve-se lembrar também que tais atividades devem ser realizadas em todos os aspectos, tanto por fonoaudiólogos, quanto por pais, irmãos, tios, avós, professores e todos que rodeiem o individuo pois se realizado um trabalho isolado o mesmo não surtirá o resultado esperado.













BIBLIOGRAFIA

COLL, C.; Marchesi, A.; PALÀCIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Porto Alegre. Artmed, 2004.
CRUZ, Roseli Fontana Nazaré. Psicologia e Trabalho Pedagógico. São Paulo: Atual, 1997.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GARCIA. Jesus N. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica e Matemática. Porto Alegre: Artmed, 2004.
MARCHESI, A. e MARTÍN, E. (1995). Da terminologia do distúrbio às necessidades educacionais especiais, PP. 14 – 16. In: COLL, C.;
NEWRA, T. R. Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
PALACIOS, J. e MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação: necessidades especiais e aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas.
WERNECK, C. (1997). Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva. pp. 51 – 53. Rio de Janeiro: WVA.









 AUTORES
Geralda Militão
Reginaldo Josué
Rosa Oliveira
Sandra Cavalini








ANEXOS









Observando as imagens abaixo podemos entender um pouco melhor quais as áreas do cérebro afetadas podem prejudicar a linguagem.




Descrição: http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/cerebro_e_a_linguagem/cerebro-e-a-linguagem.jpg








A Detecção da SAF

RESUMO

Este artigo visa alertar as mulheres gestantes ou não quanto aos malefícios do consumo de bebidas alcoólicas para o feto/embrião durante o período gestacional, quais suas consequências, como se pode detectar esta síndrome, revelando a importância da explanação de tal problema em nosso país, como também quais as doenças podem ocorrer concomitantemente junto a esta síndrome, ressaltando quais são as medidas de suma importância imediata para alertar as mulheres dependentes de bebidas alcoólicas sobre os males causados por esta substância, por onde poderia ser iniciado este trabalho, com palestras, seminários e principalmente uma lei federal, onde seria obrigatório advertências nos rótulos das garrafas, latas ou litros de tais bebidas e também a proibição de suas propagandas nos veículos de comunicação, tais como televisão, rádio, jornais, revistas, entre outros visando conscientizar as pessoas quanto aos seus males irreversíveis.

Palavras-Chaves: Primeiros relatos; consequências; detecção; prevenção; politícas públicas.


ABSTRACT

This article is intended to alert pregnant women or not about theevils of alcohol consumption to fetus / embryo during pregnancy, what its consequences, as we can detect this syndrome, revealingthe importance of explanation of this problem in our country, as well as diseases which may occur concurrently with this syndrome,highlighting what measures are of utmost importance toimmediately warn women dependent on alcohol on the evils caused by this substance, which could begin this work, with lectures, seminars and especially a federal law, which would be mandatorywarnings on labels of bottles, cans or gallons of such drinks and also the prohibition of their advertisements in the media such astelevision, radio, newspapers, magazines, and others aiming to raise awareness about to its irreversible harm.


Key Words: First reports; consequences; detection; prevention; public policy.


SÍNDROME ÁLCOOLICA FETAL (SAF)
  O assunto a ser tratado neste artigo refere-se à Síndrome Alcoólica fetal, causada pelo abusivo consumo de álcool durante a gestação, atingindo rapidamente o feto/embrião através do cordão umbilical, ressaltando a importância da explanação de tal problema em nosso país e revelando alguns dos problemas causados por esta síndrome, os quais o indivíduo estará afetado desde seu nascimento até o fim de sua vida, faz se necessária a abordagem deste assunto em contexto escolar, já que através desta ocorrem vários problemas de dificuldade de aprendizagem, sendo também sabido que a mesma é de fácil detecção, principalmente se esta ocorrer de forma mais severa.
            O presente trabalho visa alertar mulheres gestantes ou não quanto ao risco de se ingerir álcool durante a gestação. Tendo por objetivo específico a intenção de se prevenir os vários problemas ocasionados por este mau hábito, através de palestras em escolas, postos de saúde e nas comunidades em geral, pois, as consequências de tal síndrome ocorrem desde as mais leves até as mais graves, sendo estas deformidades faciais, transtornos no sistema nervoso central, malformação congênita entre outras, além de deformidades crânio faciais leves ou não.
            Segundo Ribeiro, Ponte e Araújo a importância do estudo faz se necessária à medida que não há conhecimento sobre a SAF em nosso país, tão pouco políticas públicas eficazes que tratem o assunto, relevando a necessidade da abordagem de tal assunto para que se possa esclarecer todos os problemas por ele causados, desde o mais leve ao mais severo, sendo (1) as dificuldades de aprendizagem apresentadas principalmente na idade escolar e (2) dismorfias craniofaciais e perturbação do cérebro principalmente no Sistema Nervoso Central (SNC), juntamente com (3) as doenças e transtornos que podem ocorrer em comorbidades com essas e outras.
A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é uma matéria de emergência recente, sendo de consciência pública e consensual, devendo-se desse modo ressaltar que, em muitos países o excessivo consumo de álcool, a não sensibilização e a falta de informação da população agrava ainda mais a situação com exceção de nosso país e outros de terceiro mundo onde o conhecimento é quase que inexistente. Portanto, à necessidade de uma abordagem crucial e científica a essa problemática, para que se desenvolvam ações de prevenção e intervenção. A SAF é conjurada como uma séria problemática que implica a ausência total de qualquer bebida alcoólica durante a gestação. (Lima, 2008).
A Síndrome Alcoólica Fetal teve seus primeiros relatos em 1968 por Leimone, na França, e em 1973 Jones & Smith nos EUA a ratificaram em trabalhos científicos. Desde o Império Romano já havia relatos sobre a incidência aumentada de abortos, natimortos e malformações congênitas em recém- nascidos cujas mães faziam uso de bebida alcoólica na gravidez.
O álcool tem sido muito estudado quanto a seus efeitos no crescimento fetal e parece estar associado ao seu prejuízo (LUBCHENGO, 1976 b; KEIRSE, 1984). O efeito maior é encontrado nos casos da “síndrome alcoólica fetal” onde, além de uma série de defeitos faciais e déficits neurológicos, aparece com muita frequência o retardo de crescimento; BERKOWITZ (1981) encontrou também associação com a prematuridade. MCDONALD e cols.(1992) propuseram que o efeito sobre o peso do Recém Nascido (RN) só existiria se o consumo fosse elevado, mas Little, Asker, Sampson (1986) referiram que mesmo doses moderadas poderiam estar implicadas no prejuízo do crescimento.
A SAF é caracterizada por microcefalia, dismorfias craniofaciais e retardo mental. Existem outros sintomas associados tais como: malformação cardíaca, baixo peso. Contudo a critérios mínimos para o diagnóstico da SAF que são: retardo do crescimento pré/pós- natal; envolvimento do sistema nervoso, atraso do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) e alteração de Quociente de Inteligência (QI) e do comportamento; dismorfismo facial, onde pelo menos dois sinais dos citados a seguir devem estar presentes: microcefalia, microftalmia e/ou fissura palpebral pequena, filtro nasal hipoplásico com lábio superior fino e hipoplasia de maxilar.
Os critérios acima relacionados foram estabelecidos pela “Research Society on Alcoholism” após sinais revisados e sintomas apresentados em 245 pacientes com SAF.
Cabe salientar que deve se acompanhar as mulheres que têm dificuldades com ausência do álcool, além da carência de informações preventivas, enérgicas e continuada.
A SAF é caracterizada por uma grande perturbação do cérebro (SNC) e outros órgãos, além de dismorfias craniofaciais. (Freire, Machado, Melo e Melo)


“A SAF constitui uma entidade clínica curiosa, de certa maneira há muito tempo conhecida, mas ao mesmo tempo, pouco reconhecida por grande parte dos profissionais da saúde pública e do público em geral, ainda nos dias de hoje. A SAF é consequência da ação teratológica tóxico-metabólica do álcool sobre o embrião ou feto em decorrência da ingestão de bebidas alcoólicas pela mãe durante a gravidez” (Lima, 2008, p. 4).


Sabe-se que o feto recebe diretamente através do sangue o álcool ingerido pela mãe, não apresentando nenhuma proteção contra a ação negativa desta substância. Desta forma o álcool entra na corrente sanguínea materna e através do cordão umbilical, atinge dentro de poucos minutos o sangue do feto/embrião. Segundo Lima (2008), a SAF é uma condição previsível e comum que, muitas vezes é negligenciada, apesar de o diagnóstico ser considerado de fácil detecção.
Cabe ressaltar que, através de estudos realizados por Guimarães, Teixeira, Guimarães, Mateus, Ruivo e Santos (1995), a SAF caracteriza-se, principalmente por Dismorfia craniofacial; Atraso estaturo ponderal; Alterações neurológicas, podendo ocorrer comorbidades com diversas outras anomalias. Da mesma forma os autores supracitados são da opinião que, durante o período neonatal 1/3 dos recém-nascidos são de pre-termo e raramente o Apgar é normal em seu índice, sendo também frequentes algumas reações metabólicas tais como: hipoglicemia, hipocalcemia e icterícia, além de poder aparecer a Síndrome da Abstinência Alcoólica.
As manifestações ao nível cognitivo e comportamental são variáveis e estão sempre presentes. Os sinais e sintomas relacionados com outros órgãos, tais como o coração e rins, manifestamse de acordo com a localização orgânica e a intensidade do defeito morfológico, dependendo da fase de gravidez em que ocorreu a ingestão de bebidas alcoólicas. Para melhor compreensão, abaixo está uma relação entre o órgão e as manifestações clínicas da SAF (Lima, 2008).

Órgão/ Sistema
Manifestações Clínicas (Sinais e Sintomas)
Sistema Nervoso Central (SNC) /Cérebro
Microcefalia; Atraso mental; Déficit neurocognitivo; Atraso de desenvolvimento psicomotor; Distúrbios de comportamento; Déficit de atenção com ou sem hiperatividade.
Sistema Cardiovascular/Coração
Malformação cardíaca (persistência de comunicação, tetralogia de Fallot, etc);
Hemangiomas; Dextrocardia.
Aparelho Urinário
Rins em ferradura; Disgenesia urovesical; Hipotrofia dos rins; Fístula vesical; Megaureter, etc.
Aparelho Esquelético
Sinostoses; Hipotrofia óssea; Fibroses congênitas; Espinha bífida; Encefalocele; Mielocele; Escoliose; Hemivértebra, etc.
Malformações Faciais
Microcefalia (fácies pequena); Microftalmmia; Base do nariz achatada; Baixa implantação das orelhas; Ausência do sulco nasolabial (philtrum); Lábio leporino, etc.
Sistema Visual
Estrabismo; Microftalmia; Ptose; Blefarofimose; Catarata; Diminuição de acuidade visual, etc.
Aparelho Auditivo
Déficit de audição (neurológica ou óssea); Otites recorrentes; Orelhas pequenas e mal implantadas, etc.


Contudo o diagnóstico da SAF apoiado em exames complementares pode fornecer dados importantes tanto ao grau quanto a extensão de limitação orgânica, compreendendo os seguintes procedimentos: Tomografia Computadorizada de Crânio (TC de crânio) ou Ressonância Magnética Nuclear (RNM) de crânio com estudo funcional (exames de neuroimagem); Eletroencefalograma (EEG); Testes neurocognitivos; Avaliação psicopedagógica (desempenho escolar); Outros exames e testes de acordo com as necessidades clínicas de cada indivíduo (testes de audição, visão, etc).
Diante de todas essas informações, ressalta-se a importância da abordagem do tema, muito comum atualmente e ao mesmo tempo pouco esclarecido perante as pessoas, sejam essas mulheres gestantes ou não, homens não importa, tal síndrome deve ser divulgada.
.           Ocorre ainda má formação dos olhos, dos rins, do esqueleto e dos genitais, além de defeitos cardíacos em 30/100 crianças com a SAF. Estudo realizado pelo doutor Hermann Loser realizado com 200 crianças até a idade adulta, afirma que desde que essa patologia foi conhecida, não foi possível diminuir o número de recém-nascidos atingidos. Alguns desses motivos são:

1.      São raros os médicos que, conversam com suas clientes sobre o hábito de beber;
2.      A maioria das mulheres não sabem, ou reprimem o conhecimento, que as crianças, vítimas do álcool, são prejudicadas pela vida toda;
3.      Nas garrafas e latas de bebidas alcoólicas faltam advertências o que deveria ser obrigatório, como por exemplo, nos Estados Unidos, além da proibição de propagandas destas bebidas em meios de comunicação como televisão e rádio;
4.      Para o tratamento de gestantes dependentes do álcool, são raros os lugares adequados para este fim. Quando existe, o tratamento ocorre, muitas vezes, somente depois do parto;
5.      Muitas vezes a mulher dependente de álcool deixa temporariamente de menstruar. Só percebendo que está grávida quando sente os movimentos da criança;
6.      Nesse momento, as malformações orgânicas e os danos cerebrais já ocorreram.

O feto que bebe junto com a mãe no ventre materno, muitas vezes nasce prematuro e com peso bem abaixo do normal, tem dificuldade de respirar, muitos morrem nos primeiros dias após o parto. Toda extensão do dano causado pelo álcool está totalmente relacionada com a duração e quantidade da ingestão de álcool e, sobretudo, com a capacidade do organismo feminino de digerir o álcool. Dessa maneira cabe salientar que, o tempo e a regularidade de ingestão de álcool aumentam os danos provocados no fígado. Este demorando cada vez mais para digerir o álcool.
               Como o álcool passa rapidamente para a corrente sanguínea, um simples drinque da mãe já atua sobre o bebê dentro de 10 minutos, com o mesmo valor em Placa Palatina de Memória (PPM), lembrando que o álcool mesmo consumido em pequenas quantidades prejudica o embrião.
              Sendo assim, recém-nascidos de mães que bebem moderadamente sofrem de problemas de concentração e dificuldades comportamentais. O fígado imaturo do feto produz menos enzimas que decompõem o álcool do que o fígado da mulher adulta. O processo de digerir o álcool pelo fígado imaturo do feto é bem mais prolongado e continua mesmo depois de a mãe estar sóbria. O uso abusivo de álcool pela gestante não prejudica apenas o fígado, as consequências se alastram até o cérebro.
As circunvoluções cerebrais são menos pronunciadas e numerosas células nervosas ficam atrofiadas, durante a formação do cérebro de um feto quando a gestante faz uso do álcool por menor que seja. Prejudicando desta maneira as conexões tão importantes para a transmissão de impulsos, pois, uma rede incompleta de neurônios conduz a informações errôneas e reações estranhas. Mais estranhos ainda são os problemas com a alimentação, que somente são superados através de quantidades mínimas de alimento durante meses ou anos, contudo em casos graves, só podem ser solucionados através de sonda nasal. Crianças acometidas com SAF, geralmente recusam o alimento por lhes faltar a vontade normal de se alimentar e muitas vezes comer e beber lhes causa medo e mal estar.
Nessas crianças, o tecido adiposo não é bem desenvolvido, ela tem baixo peso e estatura, nervosismo inexplicado frente a determinados ruídos, irritabilidade excessiva, receio de qualquer contato físico, hiperatividade, sensação de náusea frente a cheiros comuns, além de dificuldades na fala são problemas frequentes.
Muitas das crianças acometidas com a SAF vivem em creches ou com pais adotivos, porque os pais biológicos não cuidam ou não podem cuidar. Cabe salientar que as pessoas que cuidam dessas crianças sabem muito pouco ou nada sobre esta doença, pois a mesma somente é diagnosticada a tempo em um quarto dos recém-nascidos.
Dentre essas crianças, somente 17% conseguem acompanhar o currículo normal, metade delas tem de frequentar uma escola para crianças com dificuldades de aprendizagem e um quinto vão a uma escola para crianças especiais. A cada oito crianças acometidas com a SAF uma não pode frequentar uma escola.
A DETECÇÃO DA SAF
O diagnóstico da SAF em recém-nascidos é mais facilmente realizado após o período neonatal, quando também se associam o retardo mental e o déficit de crescimento. Todavia os recém-nascidos devem ser examinados cuidadosamente à procura de sinais dessa síndrome, pois essas crianças podem apresentar dificuldade de sucção opistótono, hiperexcitabilidade e irritabilidade durante semanas ou meses.
Segundo Junior (1992), para tal detecção é necessário:

Investigar certos comportamentos que implicam no consumo de substâncias de uso bastante difundido na população e, até certo ponto, “socialmente aceitas”. É o caso do fumo e do álcool – hábitos (ou vícios) mais prevalentes na sociedade – e também os mais estudados quanto aos seus efeitos sobre o peso do RN.

Em adolescentes e jovens adultos as características faciais podem modificar se com o crescimento dificultando o reconhecimento da SAF. Contudo na maioria dos casos ainda podem ser observados a fissura palpebral pequena, o filtro nasal hipoplásico e o lábio superior fino. No entanto, a microcefalia não se altera, o prognatismo é frequente e o déficit ponderoestatural persiste no sexo masculino, mas não no feminino. A puberdade não sofre anormalidades, porém o retardo mental ainda é a maior sequela.
Já é sabido que a SAF é a maior causa de retardo mental no ocidente, a microcefalia tem sido um achado importante, ela geralmente já é observada no período neonatal, porém pode tornar se evidente apenas com o crescimento.
O álcool tem sido responsabilizado por defeitos do tubo neural como anencefalia, meningocele, além disso, o sistema nervoso pode ser afetado pelo álcool em qualquer período da gestação. Microcefalia, disgenesia cerebral e cerebelar, agenesia de corpo caloso e heterotopias neurogliais, são as alterações neuropatológicas mais frequentes. 

Nos indivíduos afetados com a SAF, principalmente quando crianças cerca de 90% têm, alterações oculares como epicanto, ptose, estrabismo, miopia, microftalmia, hipoplasia do nervo óptico e a tortuosidade dos vasos da retina.
As pessoas acometidas com a SAF podem ter também anomalias cardíacas, as mais frequentes são: defeito do septo atrial, septo ventricular, sopro cardíaco, estenose da pulmonar, tetralogia de Fallot, estenose aórtica, coartação de aorta e transposição de grandes vasos.
O diagnostico é realizado se algum(s) dos problemas acima citados estiver presentes, todos esses problemas devem ser tratados e/ou seguidos, concomitantemente, por serviços especializados que ofereçam suporte e recursos preventivos para o paciente e sua família, incluindo programas físicos, psicológicos, ocupacionais e de linguagem.
Relato de um caso de SAF em uma unidade escolar, realizada através de observação e pesquisa realizada com funcionários da UE.
Após iniciar meus trabalhos como docente em uma unidade escolar da cidade de Campinas, comecei a ter contato com o aluno C.H.F.C.S. de 15 anos de idade, observando-o pude perceber que o mesmo apresenta algumas dificuldades no processo de ensino/aprendizagem, tais como: falta de interesse pelos estudos, participação em aula, falta de organização, não apresenta trabalhos escolares, ausência de material escolar, não possui curiosidade científica, nem expressão oral ou escrita, muita dificuldade em leitura, consciência cívica e moral, falta de respeito as regras e normas da escola.
A partir destas observações, iniciei um trabalho de investigação em várias habilidades do mesmo, nas quais podem ocorrer várias das dificuldades descritas abaixo.
Habilidades Linguísticas
São frequentes dificuldades na fala, de aprendizagem na escola, alterações nas habilidades de comunicação linguística. Ausência de emissão oral e prejuízo significativo no reconhecimento e execução de ordens simples. Comprometimento significativo das habilidades sintática, semântica, fonológica e pragmática da linguagem, o que caracteriza um quadro de Distúrbio da Linguagem. Dificuldades para compreender e estruturar a narrativa oral, evidenciando assim, falhas na correlação lexical e no uso de elementos gramaticais, nesses casos o sujeito geralmente apresenta narrativa curta e simplista do ponto de vista estrutural. Os indivíduos que sofrem com a SAF, demonstram habilidades para manter o tema abordado, porém, com prejuízos significativos no que se refere à troca de turno e a escolha e introdução de novos temas.  Dificuldades nas habilidades de raciocínio lógico e matemático e no aprendizado das regras de decodificação grafema-fonema.
Habilidades Motoras
O recém-nascido de uma alcoolista grave mama pouco, é hiper excitado, e hiper sensível, tem tremores, é irritável, hipotonia muscular, além de alteração do padrão do sono, pode ter apneia, déficit de atenção, transpira muito, hiperatividade e dificuldades na fala devido à alteração  da anatomia do maxilar, à disfunção motora do músculo orofaríngeo e ao déficit auditivo.
Habilidades Comportamentais E Emocionais
O perfil comportamental das crianças com SAF inclui problemas com a fala e a comunicação (p.ex., falam demais e/ou muito rapidamente, interrompendo o discurso de outros); dificuldades tais como: desorganização e perda de pertences; labilidade emocional, como mudanças de humor ou reações extremadas; disfunções motoras; desempenho escolar pobre; dificuldade em iniciar/completar tarefas; pouca atenção; interações sociais deficientes; respostas fisiológicas incomuns, como hiperacusia; hiperatividade e distúrbios do sono dificuldades sociais, desajustes emocionais e familiares, abuso de álcool e de outras drogas, problemas de saúde mental, comportamento sexual inapropriado, vitimização, desemprego, problemas legais e morte prematura.
Outras Características
Bebês nascidos com a síndrome costumam apresentar malformações na face, tais como: lábio superior bem fino, nariz e maxilar de tamanho reduzido, cabeça menor que a média, anormalidades cerebrais, apresentando falta de coordenação motora e distúrbios de comportamento, até retardo mental, malformações em órgãos como rins, pulmões e coração. Crianças com SAF podem apresentar sintomas como dificuldades de sucção, opistótono, hiperexcitabilidade e irritabilidade durante semana ou meses.
Alterações Neurológicas Na Saf
A SAF é a maior causa de retardo mental no ocidente. Entre 10 a 20% dos indivíduos com SAF sofrem convulsões, porém são raras no período neonatal. O SNC é o mais afetado pela síndrome, contudo o QI pode ser bastante variável, mas geralmente esta entre 60 e 80%.
A microcefalia tem sido um achado muito importante na SAF, geralmente observada já no período neonatal, entretanto, pode tornar-se evidente apenas durante o crescimento.
O álcool vem sendo responsabilizado pelos defeitos do tubo neural, tais como: anencefalia, e meningocele. Clarren, em 1986, ao estudar as alterações do SNC concluiu que, o desenvolvimento deste pode ser afetado em qualquer período da gestação. Microcefalia, disgenesia cerebral e cerebelar, agenesia de corpo caloso e heterotopias neurogliais são, as alterações neuropatológicas mais frequentes.
Os primeiros 85 dias de gestação constituem o período de maior neuromigração e a exposição ao álcool nessa fase pode levar a alterações do córtex cerebral, corpo caloso e da comissura anterior. As heterotopias neurogliais e as disgenesias corticais resultam das exposições durante o segundo trimestre e as alterações de substância branca ocorrem no terceiro trimestre.
Possibilidades Diagnósticas Para Conhecimento E Intervenção
A intervenção psicopedagógica no processo de aprendizagem tem seu enfoque no sujeito que aprende em seus vários contextos: da família, da educação (formal e informal), da empresa, da saúde. Pautada nesta informação, a necessidade da realização de um diagnóstico de intervenção psicopedagógica mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios de Psicopedagogia, que tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a avaliação e a intervenção relacionadas com a aprendizagem, contando com um repertório de informações e habilidades composto pela pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos.
Dentro desta perspectiva faz-se saber que os objetivos da aprendizagem são classificados em: domínio cognitivo (ligados a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais); domínio afetivo, (relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos). No domínio cognitivo temos as habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e a avaliação. No domínio afetivo temos habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização e caracterização.
Considerando a utilização de instrumentos, tem se, a história clínica, que deve ser minuciosa, de modo que possa se obter uma impressão do tipo de pessoa que é o paciente e sua família, mas não se deve incluir informações que violem, desnecessariamente, a privacidade das pessoas envolvidas ou que possam lhes causar constrangimento.
É importante, incluir informações sobre o background cultural, educacional, profissional e sobre os hábitos e personalidade do paciente e de seus familiares. Mas, isso deve ser feito em linhas gerais, restringindo-se às informações que são relevantes para o diagnóstico e resguardando a privacidade e autonomia do cliente.
O trabalho é todo de natureza clínica, quase artesanal, uma investigação neurocognitiva é uma forma de exame do estado mental, o qual deve abordar toda uma série de funções. A exemplo tem-se os testes de QI (quociente intelectual) que proporcionam resultados que aproximadamente se distribuem em torno de uma curva normal caracterizando a distribuição dos níveis de inteligência em uma população.
Uma abordagem importante é baseada em testes psicométricos, ou seja, pode-se utilizar o fator genérico medido por teste de inteligência, sendo conhecido como g (ver Teoria g), criado por Charles Spearman, é determinado pela comparação múltipla dos itens que constituem um teste ou pela comparação dos escores em diferentes testes; portanto, trata-se de uma grandeza definida relativamente a outros testes ou em relação aos itens que constituem um mesmo teste. Isso significa que, se um teste for comparado a determinado conjunto de outros testes, pode-se mostrar mais (ou menos) saturado em g do que se fosse comparado a um conjunto diferente de outros testes.
Baseando-se também em critérios de diagnóstico do DSM-IV (APA, 1995), que são muito abrangentes e pouco descritivos, encontra-se na literatura especializada, critérios mais específicos que caracterizam melhor os transtornos da leitura, da matemática e da escrita que podem auxiliar no diagnóstico de transtornos sendo estes, segundo Sacristan (1995): dificuldade para diferenciar as letras; dificuldade para unir letras e sílabas; inversão de letras e sílabas; substituição de letras e sílabas; supressão ou adição de letras; leitura oral lenta, sem pontuação; falta de compreensão do que é lido.
Garcia (1998), também descreve dificuldades dos transtornos sendo gramaticais, fonológicos e viso espaciais, este mesmo autor define dificuldades de cálculo a partir do não cumprimento dos requisitos esperados para idade e condição maturacional, que tem como base requisitos da teoria da evolução de Piaget, referenciados da seguinte forma: capacidade para compreender igual e diferente, ordenar objetos pelo tamanho, cor e forma, classificar objetos por suas características; compreender conceitos de longo, curto, pequeno e grande; fazer a correspondência de 1 a 1; usar objetos para soma simples; contar até 10; nomear formas e figuras complexas.
Desta forma crianças entre 6 e 12 anos devem: agrupar objetos de 10 em 10; dizer as horas, reconhecer dinheiro, medir objetos, medir volume, somar e subtrair, resolver problemas simples mentalmente, contar a cada 2,5 e 10, julgar lapsos de tempo, estimar soluções.
Para um diagnóstico mais completo, da aprendizagem, principalmente quando necessário diferenciá-los de outros que acometem a infância, geralmente, é feito quando a criança está na escola, pois estes não se tornam muitos evidentes até o momento em que não existe demanda do trabalho escolar. Crianças na fase pré-escolar podem apresentar extensa variação em suas habilidades e potencial cognitivo e não devem ser consideradas afetadas por transtornos específicos da aprendizagem, uma vez que os testes padronizados para esta fase do desenvolvimento não são bons previsores de habilidades futuras (Selikowitz, 1998; Batshaw el al, 1997).
 A avaliação deve ser multidisciplinar, considerando todos os aspectos intrínsecos e extrínsecos ao sujeito. Deve contar com profissionais médicos generalistas (pediatra), especialistas (neurologistas, psiquiatras da infância), psicólogos, pedagogos, educadores, fonoaudiólogos, especialistas em linguagem dentre outros. Todos os profissionais dentro de suas habilidades técnicas devem avaliar o sujeito em seu momento do desenvolvimento neuropsicomotor, emocional e social, devem buscar causas, patologias e/ou comorbidades. O sucesso da intervenção/reabilitação está intimamente ligado ao diagnóstico correto e completo do sujeito com dificuldade para aprender.
A idade do aparecimento dos sintomas dos transtornos específicos da aprendizagem está ligada ao potencial cognitivo, inteligência do indivíduo, quadros associados, como transtornos hipercinéticos, baixa autoestima, distúrbios de conduta, que podem mascarar a dificuldade específica.
Quando iniciei minha investigação com C.H. mais profundamente, vim, a saber, que o mesmo estava sendo acompanhado pelo Serviço de Atenção às Dificuldades de Aprendizagem (SADA), sendo este encaminhado por um neurologista a este centro de atendimento.
Segundo o SADA, após investigação realizada C.H. apresentou “receio de enfrentar reações de desafio por não lidar com frustrações: reagindo com apatia ou agressividade, entre outras dificuldades”, dessa maneira o referido centro de atendimento tem como suspeita Dislexia, porém, tal dificuldade segundo este centro só é realmente diagnosticada após sete anos de acompanhamento.
Contudo, como tenho contato com C.H. toda semana suspeito como psicopedagoga que o mesmo tenha Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), pois a agitação dele é muito grande, não se concentra em momento algum, do tempo que trabalho com C.H. foram raras às vezes em que o mesmo permaneceu algum tempo concentrado em minhas aulas e, continuando a observá-lo pude perceber uma leve deformidade facial, tem o crânio aparentemente um pouco maior com a testa um tanto quanto alongada e, por este motivo não retira o boné de sua cabeça, pois, os colegas de classe tiram sarro.
Com o tempo, comecei a conversar com ele e com outros profissionais desta UE, vindo a descobrir que o mesmo é filho de pais separados e, era conduzido ao SADA pelo pai, no momento encontra-se morando com sua mãe e deixou de ir as suas consultas neste centro de atendimento. Vim também, a saber, após várias conversas com C.H. que, sua mãe realizava uso excessivo de álcool durante a gestação.
Depois das observações feitas por mim e informações recolhidas iniciei um trabalho diferenciado com C.H. e, ele vem respondendo bem a essas atividades, sempre o coloco perto de minha mesa, converso bastante com ele e sinto que ele tem uma carência afetiva muito grande.
C.H. vem evoluindo apesar de não estar mais sendo acompanhado pelo SADA segundo palavras do próprio.
Cabe salientar que, durante o processo de investigação que realizei com C.H., não realizei uma anamnese com sua genitora, pois a mesma não é uma mãe presente e durante tal processo estava de resguardo, proveniente do nascimento de mais um filho.
Atualmente não tenho mais contato com C.H., pois não leciono mais na unidade escolar onde o mesmo ainda encontra-se matriculado.
            CONCLUSÃO
                        Com todas as pesquisas realizadas, observa-se ser de suma importância que se realize a curto e médio prazo políticas públicas e educacionais sobre o tema estudado, tais como, uma Lei que obrigue as indústrias de bebidas alcoólicas a colocarem em seus rótulos advertências sobre os males do consumo deste produto, como também a proibição de suas propagandas nos meios de comunicação, tais como televisão, rádio, jornais, revistas, entre outros, pois atualmente no Brasil, não há tais políticas de alertas e prevenção de tais problemas com mulheres etilistas gestantes ou não, como nos Estados Unidos, onde essas advertências já são obrigatórias e que, existam mais lugares apropriados e de fácil localização para o tratamento destas, já que o mesmo é raro em nosso país.
                        Cabe salientar que, deve-se imediatamente iniciar um trabalho de divulgação desta síndrome através de palestras, seminários, cartazes e folhetos em escolas, postos de saúde, hospitais, igrejas e comunidade em geral, visando alertar e informar o maior número de pessoas possível para que essas se conscientizem e procure um tratamento o quanto antes, pois as consequências da ingestão de bebidas alcoólicas principalmente durante a gestação são gravíssimas, e o indivíduo acometido com tal síndrome não terá cura, e em alguns casos pode ocorrer até mesmo à morte do feto/recém-nascido, com isso conscientiza-se muitos dependentes de álcool, principalmente mulheres sobre as consequências de se ingerir essa substância durante a gravidez.
             
                       






Índice de Siglas
EEG
Eletroencefalograma;
NEE
Necessidades Educativas Especiais;
PPM
Placa Palatina de Memória;
TC de crânio
Tomografia Computadorizada de Crânio;
TDAH
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade;
QI
Quociente de Inteligência;
RMN
Ressonância Magnética Nuclear;
SAF
Síndrome Alcoólica Fetal;
SNC
Sistema Nervoso Central.


















Índice de Doenças
Agenesia
Ausência completa de um órgão e seu primórdio embriológico;
Anencefalia
Malformação rara do tubo neural acontecida entre o 16º e o 26º dia de gestação (ausência de cérebro);
Blefarofimose
Alteração bilateral anatômica das pálpebras, onde há o estreitamento anormal da fenda palpebral;
Coartação
Estreitamento da principal artéria do corpo;
Dextrocardia
Nome dado à condição relativamente rara em que o coração está situado no lado direito do corpo;
Disgenesia
Distúrbio na capacidade procriadora. Qualquer anomalia do desenvolvimento;
Encefalocele
Defeito do tubo neural, doença na qual ocorre a herniação do cérebro e das meninges por aberturas no crânio;
Estenose
Estreitamento anormal de um vaso sanguíneo, outro órgão ou estrutura tubular do corpo;
Hemangioma
Crescimento, geralmente benigno, dos tecidos dos vasos sanguíneos;
Heterotopia
Conceito da geografia humana elaborada pelo filósofo Michel Foucault que descreve lugares e espaços que funcionam em condições não hegemônicas;
Hipocalcemia
Existência de fraca concentração de cálcio no sangue;
Hipoglicemia
Baixo nível de glicose no sangue;
Hipoplasia de maxilar
Diminuição da atividade formadora dos tecidos orgânicos é o hipodesenvolvimento de um órgão ou tecido pela diminuição do número de células que o compõe;
Microcefalia
Provocada por uma insuficiência no desenvolvimento do crânio e do encéfalo, que da origem a um crânio de tamanho reduzido e a um cérebro inferior ao normal;
Microftalmia
Anomalia congênita ou desenvolvida em que o globo ocular é anormalmente pequeno;
Mielocele
Hérnia medular na espinha bifendida;
Megaureter
Caracterizada pela presença de ureter dilatado (acima de 7 mm) associado ou não à dilatação do trato urinário superior;
Meningocele
Herniação das meninges;
Opistótono
Arqueamento posterior da cabeça e membros inferiores;
Ptose
Condição em que a borda palpebral superior está situada abaixo de sua posição normal de 2 mm, cobrindo o limbo superior em posição primária do olhar;
Sinostose
Anormalidade embriológica que resulta na visível união entre 2 ou mais dedos das mãos ou dos pés.




















Bibliografia
FABBRI, C. E. Desenvolvimento e Validação de Instrumento para Rastreamento do Uso Nocivo de Álcool Durante a Gravidez (T-ACE). Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Departamento de Medicina Social.
FIGUEIRA, M. J. V. (1997). Síndroma Alcoólica Fetal: um estudo de caso. Braga: Instituto dos Estudos da Criança. Universidade do Minho.
FREIRE, T. de M., MACHADO, J. C., MELO, E. V. de., MELO, D. G. (2005). Efeitos do Consumo de bebida alcoólica sobre o feto. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
LIMA, J. M. B. (2008). Álcool e Gravidez – Síndrome Alcoólica Fetal – SAF: Tabaco e outras drogas. Rio de Janeiro: Medbook. Editora Científica.
PASSINI JUNIOR, R., (1992). Determinantes Pre Gestacionais e Gestacionais de Baixo Peso ao Nascer. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.
RIBEIRO, E., PONTE, F. E. da., ARAÚJO, B. (2010). A Síndrome Alcoólica Fetal em Contexto Escolar. Universidade Católica Portuguesa.
RIBEIRO, E. M., Gonzalez, C. H. Síndrome Alcoólica Fetal: Revisão. Universidade de Genética Clínica do Instituto da Criança – HC da FMUSP.

Sitografia
http://www.icap.org/table/HealthwarningLabels - Acesso em 05 de março de  2012.
http://www.Law.justia.com/cfr/title27/27-1.0.1.1.12.html – Estados Unidos – Acesso em 05 de março de 2012.






Anexos de Imagens

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